Neutralização de carbono: entenda como funciona e qual é a importância

Autora: Isadora P. Stanischesk 


Primeiro de tudo, o que é a emissão de carbono?

Para entender como funciona a neutralização de carbono precisamos primeiro falar sobre emissões. As emissões de carbono se referem aos gases causadores do efeito estufa emitidos por nós na atmosfera. Essas emissões são contabilizadas em toneladas de carbono equivalente, ou seja, não se referem somente a dióxido de carbono, mas sim todos os gases causadores do efeito estufa, apenas são descritas dessa forma para fins de comparação.

 Mas afinal, que gases são esses?

Aqui vai uma lista com alguns gases do efeito estufa:

  •  Dióxido de Carbono (CO2);
  • Metano (CH4);
  • Óxido Nitroso (N2O);
  • Hexafluoreto de Enxofre (SF6);
  • Hidrofluorcarbonetos (HFCs);
  • Perfluorcarbonetos (PFCs). 

 

É importante lembrar que existem outros gases responsáveis pelo efeito estufa, esses são apenas alguns deles, considerados os mais comuns.  O levantamento de emissões de carbono equivalente é um passo muito importante na busca pela sustentabilidade. Seja para uma empresa, pessoa ou órgão público, identificá-las no dia-a-dia é essencial para uma neutralização bem sucedida. Mas apenas o levantamento de informações não basta, é preciso tomar atitudes visando o aumento da sustentabilidade.   

 

Entendendo a neutralização de carbono e seu passo a passo:

A partir do entendimento das emissões de carbono equivalente, podemos compreender o processo de neutralização de carbono. Prática tão importante realizada por entidades que se preocupam com a sustentabilidade e estão tomando atitudes para contribuir com essa agenda mundial. 

O primeiro passo para a neutralização é o levantamento de dados, que consiste na busca por informações referentes a fontes de emissão de carbono. Essas fontes devem fazer parte das atividades da entidade, direta ou indiretamente para serem contabilizadas. 

 

Aqui vai uma lista de algumas das fontes mais comuns: 

  • Fontes estacionárias, como geradores e gás de cozinha (GLP) 
  • Fontes móveis, ou seja, meios de transporte como carro, ônibus, caminhão 
  • Consumo de energia elétrica 
  • Deslocamento de funcionários 
  • Fornecedores 
  • Viagens a negócio  

Cada uma dessas fontes e todas as outras existentes possuem um cálculo específico. Esse cálculo é baseado em informações levantadas pela entidade que deseja neutralizar suas emissões de carbono, metodologias científicas validadas, e valores pré estabelecidos. Mas de forma geral, consiste na multiplicação entre o valor do dado, o fator de emissão daquela determinada fonte e o valor de equivalência do gás em relação ao carbono.

 

Explicando melhor, o valor do dado é realmente o que foi emitido em qualquer unidade pertinente, por exemplo, 300 kWh de consumo energético. O fator de emissão é a correspondência de unidades, nesse exemplo de kWh para GEE. E por fim, o valor de equivalência transforma cada um dos gases em carbono equivalente para comparação, no exemplo seria 0,022 toneladas de carbono equivalente.

 

Depois de coletadas e devidamente calculadas, todas essas informações são agrupadas em um inventário. Esse inventário é um resumo de como aquela entidade contribui para as emissões de carbono e constitui uma ferramenta essencial para a neutralização dessas emissões, colocando a entidade um passo à frente na busca pela sustentabilidade.

 

Emissões contabilizadas,  inventário feito e agora?

 

O inventário nada mais é do que um guia para apontar na direção certa de diminuição de emissões de carbono. Isso porque ele mostra quais são as principais fontes e a partir delas a entidade pode tomar medidas para diminuir sua expressividade na conta, dando assim mais um passo para a sustentabilidade.

As ações a serem tomadas vão variar muito do tipo de emissão mais expressiva da entidade, mas aqui vai uma lista de exemplos com as fontes de emissão e ações correspondentes para mitigar essas emissões: 

  • consumo de energia elétrica – troca por lâmpadas led e sensores de movimento

  • emissões móveis – uso de combustíveis mais limpos como etanol 

  • resíduos sólidos – reciclagem, separação de lixo e compostagem

  • deslocamento casa-trabalho – sistema de carona, possibilidade de regime híbrido

  • fornecedores e distribuição – optar por empresas com veículos que utilizem combustíveis mais limpos

 É importante ressaltar que as ações podem ser desde de baixo custo, ou até mesmo economia para a empresa, até gastos mais expressivos. A decisão de quais atitudes visando a sustentabilidade serão tomadas é da entidade e, deve ser baseada em análise de compatibilidade com a realidade e alinhamento com valores. Tudo isso sempre buscando maximizar as mitigações de emissões.

Existe como zerar minhas emissões de carbono?

Infelizmente no contexto atual não é possível ter uma empresa que não emita nada em carbono, nem mesmo como indivíduo isso é possível. A luz, o esgoto, os alimentos e os resíduos, são apenas alguns exemplos do nosso dia a dia que causam alguma emissão de carbono equivalente.

Apesar de não ser possível zerar as emissões de carbono, existe a possibilidade de compensar essas emissões por meio de alguns mecanismos já bem consolidados. Os principais são a compra e aposentamento de créditos de carbono e o plantio de árvores. 

Um crédito de carbono representa uma tonelada de dióxido de carbono equivalente que foi retirada ou não foi emitida na atmosfera. Um crédito pode ser gerado pela substituição de combustíveis fósseis por exemplo e é calculado comparando quantas toneladas de carbono seriam emitidas se aquela mudança não tivesse ocorrido. 

Os créditos são negociados no mercado de carbono. Dentro desse mercado, entidades que retiram carbono da atmosfera vendem créditos para entidades que excederam suas emissões ou querem compensá-las. 

 

Outra forma de compensação de emissões é o plantio de árvores, que, por meio da fotossíntese, captam dióxido de carbono da atmosfera e liberam oxigênio neutralizando as emissões de carbono. A prática do plantio gera também outros benefícios para o meio ambiente, água, ar e biodiversidade.

 

Ambos processos possibilitam a utilização de títulos que indicam a busca pela sustentabilidade de uma empresa, como por exemplo “Carbon Free”, “Neutro em carbono” e “Climate Neutral”. Lembrando que tudo deve ser feito com metodologias comprovadas e técnicos especialistas para garantir que não seja cometido o “greenwashing” mesmo que acidentalmente, e os resultados sejam os mais precisos possíveis.

 

O que isso tudo tem a ver com a sustentabilidade?

 

A sustentabilidade e a preocupação com ela já fazem parte do dia a dia de diversas áreas. Em 2022, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 6 em cada 10 indústrias declararam que possuem uma área/departamento destinado à sustentabilidade, e o número cresce em todos os setores da sociedade. 


Como já foi citado anteriormente, tudo emite carbono, e sua eliminação completa pelo menos por agora é impossível. Além disso, os GEEs são apenas um aspecto das mudanças climáticas, mas a atenção a eles e análise de seus impactos é a única forma de evitar a piora na situação atual.
 

Mas e esse processo é mesmo importante? 

 

Todos os anos, na Conferência Das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COPs) são discutidas as influências e próximos passos referentes às mudanças irreversíveis que estamos causando no planeta. E periodicamente são liberados relatórios a respeito de como estão indicadores e parâmetros que avaliam a situação do meio ambiente. 

 

Cada pessoa, entidade, empresa e governo têm seu papel nessas mudanças, e parte delas são as emissões de gases do efeito estufa. Portanto é de extrema importância que estejamos atentos a esse processo e nossa participação nele. 

 

O que preciso ter em mente disso tudo?

 Nesse artigo explicamos um pouco mais sobre emissões de carbono, o processo de neutralização dessas emissões, ações que podem ser tomadas para diminuir o quanto de carbono uma entidade emite e qual a ligação desse processo com a sustentabilidade. 

A neutralização de carbono é uma busca constante, e a sustentabilidade também, e ela só é possível quando se leva em consideração os âmbitos social, econômico e ambiental. E é por meio dos passos que foram descritos nesse artigo que as emissões de carbono poderão ser identificadas e neutralizadas. 

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