Saída dos EUA do Acordo de Paris: e agora?

Os EUA são o 2º maior emissor de CO2 do mundo e são responsáveis por uma parte significativa do aquecimento global que enfrentamos hoje. O principal temor que é despertado

O anúncio de que os Estados Unidos podem iniciar o processo de saída do Acordo de Paris em 2025 colocou o mundo em alerta. Atualmente, os EUA são o segundo maior emissor de carbono do mundo, atrás apenas da China, e a primeira nação em emissões históricas, sendo responsável por uma parte significativa do aquecimento global que enfrentamos hoje. A decisão, caso concretizada, é influenciada por direcionamentos políticos do atual presidente Donald Trump, que, desde sua primeira campanha presidencial em 2016, prometeu priorizar a independência energética baseada em combustíveis fósseis, além de revisar compromissos climáticos assumidos anteriormente.

O cenário global é ainda mais complexo devido à guerra comercial entre os EUA e a China, que impacta diretamente a colaboração climática entre as duas maiores economias do mundo. Durante o governo Trump, houve uma escalada nas tensões com a China, dificultando acordos bilaterais em prol do clima. Esses fatores tornam a possível saída dos EUA um ponto de ruptura não apenas para o Acordo de Paris, mas também para a cooperação internacional desses países no combate às mudanças climáticas.

Impactos potenciais no compromisso Climático Global

O principal temor que é despertado pela saída dos EUA é do desencadeamento de um efeito dominó, enfraquecendo o comprometimento de outros países com o Acordo. A China, maior emissora de CO2 do mundo, poderia reconsiderar sua adesão caso perceba um desalinhamento global. Esse movimento representaria um golpe significativo para as metas climáticas internacionais, já que juntos, EUA e China respondem por cerca de 40% das emissões globais.

Além disso, países em desenvolvimento, que dependem do financiamento climático de nações mais ricas, podem sofrer com a diminuição de recursos. Os Estados Unidos, como um dos principais financiadores do Fundo Verde para o Clima, já reduziram significativamente suas contribuições em anos recentes. Sua saída oficial pode comprometer ainda mais esse mecanismo, dificultando a transição para economias de baixo carbono em outros países.

Trends Climate Change Trump
Os EUA são o 2º maior emissor de CO2 do mundo e são responsáveis por uma parte significativa do aquecimento global que enfrentamos hoje. Foto: Canadian Climate Institute

 

Aumento de emissões Globais

Sem as metas obrigatórias do Acordo de Paris, os EUA podem expandir o uso de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás natural – pontos já reiterados pelo governo Trump – revertendo os avanços recentes em energia renovável. Isso pode estimular outros países a adotarem posturas menos ambiciosas em suas próprias políticas climáticas, contribuindo para o aumento global de emissões e tornando ainda mais desafiador o objetivo de limitar o aquecimento global.

O papel de outras nações e da iniciativa privada

A possível saída dos EUA fortalece a necessidade do protagonismo de outras economias no combate às mudanças climáticas. A União Europeia, por exemplo, já sinalizou seu compromisso em manter metas ambiciosas e liderar a transição para uma economia carbon free.

Além disso, empresas e governos estaduais e municipais nos EUA podem continuar desempenhando um papel ativo na redução de emissões, mesmo sem o apoio federal. Na ocasião da primeira retirada dos EUA do Acordo, houveram iniciativas como a “We Are Still In”, que reuniu cidades, estados e corporações comprometidas com os objetivos do Acordo de Paris, esses são exemplos de como a ação climática pode ocorrer de forma descentralizada.

O que está em jogo?

A saída dos EUA do Acordo de Paris representa mais do que uma decisão política: é um teste para o compromisso global em enfrentar um dos maiores desafios do século XXI. Se outros países e setores da sociedade continuarem a priorizar a ação climática, há uma chance de que as metas do Acordo sejam mantidas, mesmo sem a participação americana.

Por outro lado, se essa decisão estimular retrocessos em outras nações, o custo ambiental, econômico e social poderá ser altíssimo. Os próximos anos serão cruciais para determinar como o mundo responderá a esse desafio e que papel cada nação, empresa e indivíduo terá na construção de um futuro mais sustentável.

Conclusão

Embora a saída dos EUA do Acordo de Paris em 2025 possa representar um grande obstáculo para a luta contra as mudanças climáticas, ainda há espaço para ação coletiva. Governos, empresas e a sociedade civil têm a responsabilidade de manter o rumo em direção à sustentabilidade, mostrando que o compromisso climático não depende de uma única nação, mas de esforços globais e coordenados.

Acompanhe nosso blog para atualizações sobre o cenário climático global e como podemos continuar construindo um futuro sustentável, mesmo diante de desafios.

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Foto de Luiz Henrique Terhorst

Luiz Henrique Terhorst

Biólogo pela UFSC, com MBA em Economia e Gestão da Sustentabilidade pela UFRJ e especialização em Sustentabilidade Empresarial pela Universidade Bocconi, na Itália. É professor convidado das disciplinas de Gestão Ambiental e Gestão de Recursos Naturais no CTC/UFSC. Luiz possui vasta experiência em estratégias de descarbonização corporativa e na gestão da sustentabilidade de grandes projetos, ajudando empresas a integrarem práticas sustentáveis em suas operações.

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