Os créditos de carbono são ferramentas fundamentais na luta contra a crise climática. Neste conteúdo, você vai entender como surgiram, como funcionam, quais critérios determinam sua qualidade e por que a credibilidade dos projetos certificados de carbono é essencial para garantir impacto ambiental real.
O que são créditos de carbono?
Créditos de carbono são certificados que representam a redução de uma tonelada de dióxido de carbono (CO₂) ou gases equivalentes de efeito estufa (GEE) da atmosfera. Funcionam como uma “moeda climática” utilizada para compensar emissões de carbono e fazem parte das estratégias de descarbonização de empresas e governos. Assim, cada crédito representa uma tonelada de CO₂ evitada ou removida da atmosfera.
Como surgiram os créditos de carbono?
Os créditos de carbono surgiram com o Protocolo de Kyoto, em 1997, como uma forma de viabilizar a cooperação internacional na redução de emissões de GEE. Esse tratado introduziu mecanismos como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que permitia a criação de projetos em países em desenvolvimento para gerar créditos que poderiam ser comprados por países com metas obrigatórias.
Posteriormente, o Acordo de Paris, assinado em 2015, aprimorou esses mecanismos com o Artigo 6, criando as bases para o mercado de carbono global atual, tanto regulado quanto voluntário.
Desde então, os créditos de carbono evoluíram e se dividiram em dois grandes mercados, como veremos a seguir.
Tipos de mercado de carbono
- Mercado regulado: É controlado por legislações nacionais ou acordos internacionais. Inclui o Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia (EU ETS) e os mecanismos do Artigo 6 do Acordo de Paris.
- Mercado voluntário: Permite que empresas compensem suas emissões de forma espontânea, como parte de metas ambientais e sociais (ESG). É um mercado em expansão, principalmente entre empresas comprometidas com a neutralização de carbono.
O que define a qualidade de um crédito de carbono?
Nem todos os créditos de carbono são iguais. Ou seja, a qualidade é essencial para garantir impacto ambiental real e depende da integridade do projeto, da metodologia utilizada, da rastreabilidade e da verificação por terceiros. Os principais critérios de qualidade incluem:
- Adicionalidade: O projeto só é viável graças ao financiamento gerado pelos créditos.
- Mensurabilidade: Reduções de emissões devem ser quantificáveis.
- Permanência: Os benefícios ambientais devem ser duradouros.
- Verificação independente: Auditorias realizadas por terceiros asseguram a credibilidade.
- Transparência e rastreabilidade: As informações sobre os projetos devem estar disponíveis publicamente.
Certificadoras como Verra (VCS) e Gold Standard são referências em garantir esses padrões. Os exemplos a seguir são projetos geradores de créditos de carbono:
- Reflorestamento e conservação florestal (REDD+)
- Energia renovável (solar, eólica, biomassa)
- Captura e reaproveitamento de metano
- Agricultura regenerativa e manejo do solo
- Tratamento de resíduos e saneamento
O papel das empresas e consumidores no uso de créditos de carbono
Primordialmente, as empresas devem seguir três etapas essenciais:
- Mensurar: Elaborar inventários de emissões de GEE.
- Reduzir: Implementar metas e ações de descarbonização.
- Compensar: Utilizar créditos de carbono de alta qualidade para emissões residuais.
Os consumidores, por sua vez, têm poder de influência ao:
- Escolher marcas com selos reconhecidos, como o Selo Carbon Free
- Cobrar posicionamento ambiental transparente
- Apoiar empresas comprometidas com metas climáticas reais

Três pilhas de moedas na grama com terra e plantas. Fonte: Freepick.
Transparência é o futuro do mercado de créditos de carbono
Apesar do potencial, o mercado traz desafios relevantes, como a presença de projetos com baixa adicionalidade, greenwashing por parte de empresas que apenas compram créditos sem reduzir suas próprias emissões e a complexidade na compreensão do que são créditos confiáveis
Atualmente, diante dessas e de outras inúmeras questões que ainda cercam o mercado de créditos de carbono torna-se cada vez mais urgente reforçar critérios de qualidade e transparência. A credibilidade desse mercado depende de mecanismos que garantam que os créditos representam, de fato, reduções ou remoções reais de emissões de gases de efeito estufa.
À medida que cresce a pressão por compromissos ambientais concretos, tanto por parte de consumidores quanto de reguladores, apenas iniciativas baseadas em dados auditáveis e impactos mensuráveis devem prosperar. O futuro do mercado de carbono está nas mãos daqueles que optarem por integridade, rastreabilidade e responsabilidade — elementos essenciais para que o setor cumpra seu papel na mitigação da crise climática global.