Muitas empresas estão fazendo diferentes declarações sobre suas emissões de Gases do Efeito Estufa. Qual a diferença entre uma organização “Carbon Free” e uma “Net Zero”? Entenda mais neste texto, em que vamos apresentar um glossário com alguns dos termos mais populares sobre emissões de carbono e reuniões mundiais sobre o meio ambiente.
O que é o “carbono” que tanto se fala? Por que reduzir as emissões dele?
Quando as iniciativas e empresas falam sobre “carbono”, elas se referem a todos os gases que possuem átomos de carbono em sua composição (CO, CO2, CH4 e gases aerossóis como CFCs e HFCs) e que capturam calor na atmosfera, contribuindo assim para o aumento do Efeito Estufa. O problema das emissões crescentes é justamente o agravamento do Efeito Estufa, que irá provocar diversos problemas climáticos, desde a alteração do regime de chuvas, amplificação das ilhas de calor, extinção em massa de espécies e aumento do nível dos oceanos, entre outros.
No entanto, os gases com carbono em suas moléculas não são os únicos responsáveis pelo agravamento do efeito estufa, existem também os gases de enxofre (SF6) e nitrogênio (N2O). Eles formam o chamado grupo dos Gases de Efeito Estufa (GEE ou GHG em inglês), que possuem um potencial muito alto de absorção da radiação infravermelha do Sol. Normalmente, parte dessa radiação responsável pelo aquecimento das moléculas é refletida pela superfície da Terra de volta para o espaço, porém, conforme mais e mais GEE se acumulam na atmosfera, a parcela que é refletida de volta se torna cada vez menor, e isso gera o aumento da temperatura do planeta como um todo.
Em que contexto são usados esses termos?
Alguns termos como: net zero, carbon neutral, e climate positive dizem respeito a metas que são estabelecidas por organizações empresariais, governamentais, ou outras, para incentivar a si mesmas e suas concorrentes a serem melhores para o planeta. Ou seja: buscar maneiras de continuar realizando suas operações diminuindo suas emissões de carbono ou planejando formas de compensá-las por meio de outras ações como plantios de árvores ou compra de créditos de carbono.
O plantio de árvores neutraliza emissões de carbono fazendo uso de um processo natural que todas as plantas realizam para produzir energia, que é a fotossíntese, em que o CO2 da atmosfera é absorvido pela planta, que então libera gás oxigênio (O2). Quanto mais árvores, mais carbono é sequestrado dessa maneira e além disso os ecossistemas são restaurados, beneficiando a fauna e a flora da região. A compra de créditos de carbono funciona como um financiamento de alguma atividade que está funcionando como alternativa a outra que normalmente emitiria carbono durante sua operação.
Como eu sei quais são as emissões de GEE da minha empresa?
Toda empresa emite carbono em suas atividades. Para entender quais são as emissões de carbono da empresa, precisamos saber onde estão localizadas. As emissões de GEE são divididas em 3 escopos:
Emissões diretas: O Escopo 1 diz respeito apenas a emissões de GEE geradas diretamente pelas atividades de uma empresa, como emissões de produção de produtos e deslocamento de veículos da empresa, por exemplo.
Energia Elétrica: O Escopo 2 agrupa as emissões relacionadas ao consumo de energia elétrica da empresa. Seja por escolha de compra ou ligada ao Sistema integrado Nacional.
Emissões indiretas: Por fim, o Escopo 3 agrupa as emissões consideradas indiretas às atividades da empresa, como serviços terceirizados que só acontecem por causa das atividades da empresa. Essas emissões são mais complexas de serem medidas, reduzidas e neutralizadas, uma vez que não acontecem dentro dos limites organizacionais da empresa em questão.
Fique ligado(a): Algumas metas de redução de emissões cobrem apenas os escopos 1 e 2 das empresas, sem considerar a sua cadeia de produção! Saber onde são localizadas as emissões da empresa pode ajudar a saber onde atuar para reduzi-las.
Ok. Mas o que significam todos esses termos que as empresas utilizam?
A partir desse ponto, vamos falar de alguns termos que você pode ter visto em alguns locais, que podem confundir. Aqui vai um glossário dos termos necessários para você entender a economia de baixo carbono.
Net zero
De acordo com o IPCC, o termo diz respeito a quando as emissões antropogênicas de GEE estão balanceadas com a quantidade desses gases removida da atmosfera, dado um determinado período de tempo. A iniciativa Race to Zero determina que um ator individual, como por exemplo uma empresa, alcança o Net zero quando suas emissões são completamente neutralizadas por remoções do tipo “like-for-like”, ou seja, quando uma fonte e um sumidouro de emissões se correspondem em termos de impacto de aquecimento e em termos de escala de tempo e durabilidade do armazenamento do Carbono. Vale ressaltar que as atividades que proporcionaram tais remoções, assim como as remoções em si, devem ser reivindicadas exclusivamente por tal empresa.
Absolute Zero
Um termo menos comum, por ser muito raro, é o “Absolute Zero”, ou Zero Absoluto. Uma organização pode se declarar como Absolute Zero quando nenhuma emissão de GEE é atribuível a qualquer atividade exercida por ela. É uma situação muito difícil de acontecer, uma vez que todas as atividades emitem alguma quantidade de carbono. Tudo depende dentro de quais limites acontecem essas emissões (lembra dos escopos das emissões que falamos acima?).
Carbon Free, Neutro em carbono e Climate Neutral
Sendo uma sequência de estágios de abrangência de neutralidade, uma organização neutra em carbono é aquela em que todas as suas emissões de CO2 são balanceadas com remoções de CO2 na mesma proporção em dado período de tempo. A neutralidade de GHG difere da neutralidade de Carbono pois abrange gases estufa além do CO2, como metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), por exemplo.
Por último, a neutralidade climática abrange, além dos GEE, emissões residuais e efeitos biogeofísicos locais/regionais causados pelas atividades humanas, como a alteração da capacidade da superfície do solo de refletir a radiação infravermelha que incide nele (albedo).
Apesar de possuírem conceitos muito similares, estes diferem do “Net Zero” porque neste caso não há exigência da correspondência “like-for-like” das emissões e remoções.
Climate positive e Carbono negativa
Similar à lógica de um saldo positivo, “Climate Positive” diz respeito a quando uma empresa promove a remoção de emissões em uma quantidade maior que o quanto ela efetivamente emite, indo além de apenas neutralizar as emissões de suas atividades. Para alcançar essa meta, também é necessário que as remoções se encaixem na correspondência “like-for-like”. O termo “Carbon negative” por sua vez segue os mesmos requisitos do “Climate positive”, porém abrange apenas emissões de CO2.
Science-based ou Paris-aligned
Uma iniciativa Science-based (baseada em ciência) ou Paris-aligned (alinhada com Paris) é aquela que está alinhada com o que os estudos climáticos mais recentes consideram necessário para cumprir os objetivos do Acordo de Paris, ou seja, limitar o aquecimento global abaixo de 2 °C acima dos níveis pré-industriais e buscar esforços para limitar o aquecimento a 1,5 °C, com nenhum ou baixo overshoot.
Deu para entender um pouco sobre o que as organizações estão trabalhando?
Esses são alguns termos muito importantes para entender notícias, artigos e declarações de diferentes organizações e empresas que estão tomando ações em relação ao carbono. Todos os conceitos acima estão de acordo com a iniciativa Race to Zero, da Convenção Quadro de Mudanças Climáticas da ONU (UNFCCC). para mais informações, acesse https://unfccc.int/ para ficar por dentro das próximas convenções climáticas!
E aí? Quer dar o pontapé inicial para que sua empresa alcance uma dessas metas? Tomar ações em relação às emissões de carbono de sua empresa pode ser um bom modo de demonstrar um diferencial do seu trabalho!