Neutralizando as Emissões de Home Office: Um Guia para uma Abordagem Sustentável

Neste artigo vamos explicar as diferenças reais nas emissões de escritório e Home Office, destrinchar pontos positivos e negativos. Além disso, explicaremos como funciona a neutralização de emissões de Home Office e qual é sua importância.

O que o Home Office tem a ver com os níveis de emissão de carbono de uma empresa?

 

O modelo de trabalho Home Office já foi mais raro e distante da realidade de muitos há apenas alguns anos atrás, porém o período da pandemia de Covid 19 foi decisivo para a mudança no modelo de trabalho de grande parte da população mundial. Por conta do lockdown, os escritórios foram esvaziados e os funcionários passaram a trabalhar de casa, de forma híbrida ou até mesmo 100% remota.

Logo após a pandemia diversos escritórios e sedes voltaram com suas atividades normais, mas muitos decidiram permanecer com o modo de trabalho de Home Office e essa mudança se perpetuou em inúmeras empresas de todos os tamanhos e segmentos da economia.

A adoção abrangente desse modelo de trabalho agora popularizado, levou a muita adaptação, trazendo novas soluções e problemas relacionados à sustentabilidade.

Por um lado, com as pessoas em casa, o deslocamento que antes representava uma grande parcela de origem das emissões de gases de efeito estufa, deixou de ser tão expressivo. Além disso, a ausência de pessoas na rua levou ao aparecimento de mais animais em centros urbanos, clareou a água de rios como em Veneza onde há anos não se via o fundo dos canais.

Com esses sinais positivos de mudança, o modelo de trabalho do Home Office se popularizou mais ainda como uma possível solução para desacelerar o agravamento do efeito estufa e cumprir com a agenda do Acordo de Paris.

Mas será mesmo que mudar para o Home Office diminui de forma significativa as emissões de carbono ?

 

A resposta curta é não. Ao olharmos para outros indicadores, o consumo de energia elétrica, produção de lixo e efluentes aumentou nas residências, uma vez que os funcionários passaram a permanecer todo o período do trabalho em suas casas. A necessidade de mais reuniões e uma estrutura online mais robusta que seja condizente com esse novo modelo de negócio, causou um aumento expressivo nas emissões de gases decorrentes do consumo de energia elétrica.

O que aconteceu foi basicamente uma substituição de origem dessas emissões.

Como citado anteriormente, as principais fontes de emissão de gases de efeito estufa no home office são o consumo de energia elétrica, a produção de resíduos e efluentes (esgoto). No ambiente de trabalho tradicional, ou seja, o escritório, a estrutura funciona em um nível de empresa, possuindo uma cozinha ou copa para todos os funcionários ou uma por setor, banheiros para o uso de todos. A internet é compartilhada, as lâmpadas que iluminam cada sala atendem a necessidade de todas as pessoas ali dentro.

Levando essa estrutura para o ambiente de casa, cada indivíduo possui uma cozinha, um banheiro, uma (geralmente mais) lâmpada, uma internet, e assim por diante. A estrutura se torna completamente individualizada e consequentemente as emissões também, sendo assim ampliadas.

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E por que devemos nos importar se as emissões de gases de efeito estufa aumentam ou diminuem?

 

O efeito estufa apresenta sérios riscos para a humanidade e todos os seres vivos da Terra, apesar de ser um processo natural, desde a revolução industrial se tornou extremamente agravado pelas atividades humanas levando ao aumento de ocorrências de desastres naturais, extinção de diversas espécies e mudanças no clima que afetam diretamente as atividades econômicas dos mais diversos locais do planeta.

Todas essas consequências negativas ressaltam a necessidade de atentarmos ao problema e a forma com que estamos lidando com ele. Nosso modo de vida atualmente é insustentável e não possui soluções fáceis e únicas, mas sim uma rede de ações que devem ser tomadas para reverter o quadro crítico em que nos encontramos.

Mas se o Home Office não é a solução, como faço para ele não ser mais uma parte do problema?

O primeiro passo é entender quais são as consequências reais que cada possível fonte de emissão de gases de efeito estufa está gerando. Por meio de cálculos de emissões de home office, que podem ser feitos a nível empresarial ou pessoal. A nível empresarial é importante considerar todos os funcionários e a estrutura da empresa para além deles.

Para estimar emissões pessoais já existem ferramentas online que estimam as emissões de carbono advindas de atividades diárias para uma pessoa. Existem também valores, validados por entidades renomadas, que demonstram uma média de emissões baseadas em dados coletados por essas entidades.

Aqui estão alguns exemplos de valores tomados como base para emissões de gases de efeito estufa em um mês de Home Office:

  • O consumo de energia de um computador corresponde a 70 kWh,
  • O consumo de energia de uma lâmpada de 100W nesse mesmo período é de 20 kWh,
  • O acesso a internet consome por mês 2 kWh,
  • Esgoto produzido: 1,5 m³
  • Resíduos produzidos: 0,8 kg

Posso neutralizar minhas emissões de Home Office?

Determinando as fontes de emissão de gases de efeito estufa, é possível identificar pontos de melhoria e formas simples de diminuir esse impacto no dia a dia. Algumas pequenas mudanças como a utilização de equipamentos de baixo consumo energético e certificados com eficiência energética, ou o desligamento de dispositivos eletrônicos quando não estiverem em uso já fazem a diferença.

Além disso, as emissões que não podem ser zeradas podem ser neutralizadas. A neutralização é uma parte importante do processo de mitigação das emissões por possibilitar que emissões que não podem ser eliminadas possam ser compensadas por meio da plantação de árvores ou compra de créditos de carbono.

Um crédito de carbono corresponde a uma tonelada de carbono equivalente que deixou de ser emitida ou foi recapturada da atmosfera. Esse fim pode ser alcançado de diversas formas, como a troca de uma matriz energética, a substituição de energia gerada a partir de combustíveis fósseis por energia limpa, ou plantio e manejo de árvores por exemplo.

Existem atualmente diversos projetos que utilizam de alguma dessas ferramentas para gerar e vender créditos de carbono, esses projetos são analisados e comprovados por entidades internacionais como a ONU e a VERRA e a partir daí podem ser vendidos e aposentados para neutralizar alguma emissão de outra atividade, que pode ser a emissão de Home Office da sua empresa.

E quais outras alternativas além do Home Office existem?

Espaços de coworking são ótimos para adotar práticas de trabalho mais sustentáveis. Esses espaços se diferem de escritórios por terem normalmente estruturas mais enxutas, além disso, o fato de serem, na sua maioria, pagos faz com que sejam utilizados apenas pelo tempo necessário e divididos entre diversas empresas e segmentos. Outro ponto positivo desses espaços é a proposta de sustentabilidade que influencia diretamente na maneira com que o coworking é utilizado.

O escritório também não precisa ser visto como o vilão dessa história. Utilizar meios de transporte mais sustentáveis, como bicicletas ou transporte público, pode trazer os efeitos positivos do Home Office na diminuição de emissões de gases de efeito estufa. Tudo isso com o bônus ainda de não gerar aumento de emissões causadas pela necessidade estrutural que trabalhar em casa gera.

É importante ressaltar que não é porque o funcionário passou a trabalhar de casa que as emissões decorrentes das suas atividades deixaram de ser responsabilidade da empresa. O engajamento dos funcionários em práticas de trabalho remoto mais sustentáveis, aliada a adoção por parte das empresas e organizações de políticas sustentáveis para esse modelo de negócio continuam sendo essenciais.

O que dá pra concluir a partir de tudo isso?

Depois da pandemia o Home Office se popularizou e auxiliou na resolução de alguns problemas de emissão de carbono ao mesmo tempo que agravou outros. Não existe uma única forma de trabalho que seja melhor que as outras quando o assunto é emissões de gases de efeito estufa. O que existem são boas práticas que devem acompanhar as empresas e funcionários em qualquer modelo que seja adotado.

Seja no trabalho presencial ou no modelo de Home Office é importante que as emissões de carbono sejam mapeadas e neutralizadas para contribuir para o amadurecimento sustentável da sua empresa. Boas práticas de sustentabilidade também devem ser aplicadas.

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