As mudanças climáticas já são um consenso entre a comunidade científica. É fato que as emissões de gases de efeito estufa (GEE), relacionadas à diversas atividades humanas, estão causando alterações no clima do planeta, e que, estas alterações geram graves consequências ambientais, sociais e econômicas. No entanto, os impactos das mudanças climáticas, apesar de coletivos, atingem desigualmente grupos sociais distintos. Nesse contexto, o conceito de justiça climática ganhou força nas discussões sobre sustentabilidade e destaca a importância de proteger os mais vulneráveis.
Mudanças climáticas: um problema global com consequências desproporcionais
Desde a Revolução Industrial, a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera tem aumentado significativamente, devido sobretudo a atividades humanas, como por exemplo, a queima de combustíveis fósseis, agricultura intensiva e desmatamento. O aumento na concentração atmosférica, não apenas do CO2, mas também de outros Gases de Efeito Estufa (GEE), é preocupante e constitui uma das principais causas das mudanças climáticas.
As mudanças climáticas e seus efeitos
As mudanças climáticas são um problema global e, por isso, é necessário que haja cooperação entre os países para solucionar esta problemática, com um plano de ação bem definido e responsabilidades compartilhadas. É preciso que sejam traçadas estratégias para a redução de emissões, e compensação das mesmas, quando não houver a possibilidade de reduzi-las.
Como principais efeitos das mudanças climáticas podemos citar o aumento da temperatura global, alterações nos regimes de chuvas, derretimento das calotas polares, elevação do nível dos oceanos e intensificação de eventos climáticos extremos. De forma geral, geram efeitos danosos nos ecossistemas, na biodiversidade e na qualidade de vida das populações. No entanto, apesar de serem um problema global, suas consequências não são sentidas da mesma forma em todas as partes do mundo.
É nesse contexto que surge o conceito de justiça climática, que busca garantir a equidade na distribuição de ônus e benefícios relacionados às mudanças climáticas. Regiões menos favorecidas financeiramente, via de regra, acabam sendo mais afetadas pelos efeitos das mudanças climáticas. Por outro lado, historicamente, essas mesmas regiões não contribuíram de maneira significativa para o aumento das emissões de GEE.
A justiça climática defende a ideia de que devemos reconhecer as causas históricas e atuais das emissões de GEE, geradas principalmente pelos países mais ricos e industrializados. É necessário garantir que as políticas públicas sejam equitativas e inclusivas, e que respeitem os direitos humanos, diversidade cultural e diferenças regionais.
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A luta por Justiça Climática
A desigualdade social é um fenômeno que existe há milhares de anos na história da humanidade. Na Idade Média européia, por exemplo, a desigualdade social era muito marcante, com os nobres detendo grande parte da riqueza e a grande maioria da população vivendo em condições precárias. Nos períodos de colonização das Américas, a exploração dos povos indígenas e a escravização de populações negras é um triste acontecimento na história da humanidade, que gera reflexos e consequências até os dias atuais. Fatos como estes deixam marcas profundas em nossa sociedade e um legado que até hoje influencia contribuindo para desigualdade social, econômica e cultural.
A desigualdade social não está limitada apenas às questões de saúde pública, educação, segurança,moradia e bem estar, mas também tem relação com o meio ambiente e as mudanças climáticas. As regiões que mais sentem os impactos das mudanças climáticas são geralmente aquelas que menos possuem recursos para se adaptarem e se protegerem dos efeitos adversos do clima. É comum que em regiões de periferia, eventos como enchentes, inundações, deslizamentos e alagamentos sejam mais frequentes, deixando as populações ainda mais vulneráveis.
Em novembro de 2022, durante a COP 27, que ocorreu no Egito, reuniu líderes de todo o mundo para discutir estratégias de enfrentamento às mudanças climáticas. Neste evento foi anunciada a criação de um fundo de perdas e danos para países vulneráveis mais impactados pelas mudanças climáticas. O assunto foi oficialmente admitido na agenda climática pela primeira vez, e representa um avanço.
Para promover a justiça climática é necessário trabalhar para reduzir as emissões de GEE e adotar medidas que sejam capazes de proteger e empoderar as comunidades mais vulneráveis. O desenvolvimento sustentável, a proteção dos direitos dos povos indígenas e tradicionais, a melhoria das condições de vida das comunidades afetadas e a promoção de soluções baseadas na natureza são medidas que podem auxiliar nesse processo e busca por justiça climática.