Um evento geopolítico do nível de seriedade de uma guerra ocorrendo entre a Rússia e a Ucrânia, embora não pareça à primeira vista, tem consequências consideravelmente importantes para o meio ambiente, dadas as características de ambos os países no que diz respeito às suas indústrias e matrizes energéticas. Entenda mais sobre neste post.
Regiões sensíveis sob ataque
Risco às indústrias locais
Após o fim da União Soviética, a Ucrânia sozinha ainda reteve cerca de 25% das indústrias do antigo país, e as regiões que abrigam essas indústrias são consideradas atualmente “zonas de calamidade ecológica”, responsáveis por aproximadamente 30% da poluição atmosférica de toda a região da antiga URSS. Essa poluição toda prejudicou não só o ar, mas também as águas que abastecem a população, estando ambos muito acima dos níveis legais de contaminação. As consequências da destruição dessas indústrias em conflitos militares pode, além de abalar mais a economia do país, levar a contaminação dos rios a níveis mais próximos do irreversível, o que prejudica todas as comunidades dependentes deles até sua foz. Além disso, a Ucrânia é um importante fornecedor de grãos e milho para o planeta. Por isso, a invasão russa pode criar uma escassez de alimentos que irá acentuar ainda mais a fome em certos países da África, que já sofrem por causa de secas e falta de acesso a água potável.
Impactos diretos da guerra na sustentabilidade
Além de impactos indiretos como os citados anteriormente, a própria guerra já é um evento gerador de grandes impactos, especialmente no que diz respeito à extração de recursos naturais em geral e ao aumento do uso de combustíveis fósseis. Transportes de materiais, deslocamento de veículos militares, tanto aéreos quanto terrestres, e a própria explosão das bombas emite grandes quantidades de gases poluentes e material particulado para a atmosfera. Além disso, os poluentes gerados da guerra também contaminam o solo e a água, o que prejudica a qualidade de vida dos civis que ainda não puderam fugir do país por causa da guerra. Conflitos no litoral também são prejudiciais ao ecossistema marinho. A guerra provoca também tensões entre os países da OTAN e a Rússia, que é responsável pela produção e abastecimento de gás natural de 40% do consumo desse combustível na Europa, o que coloca países da OTAN como a Alemanha ainda mais em xeque nessa situação, visto sua maior dependência do recurso russo proporcionalmente.
Eventos trágicos como aprendizado
Apesar de toda a tragédia social, econômica e ambiental que as guerras trazem, um lado positivo é que esse contexto está incentivando países europeus a intensificar sua independência de combustíveis fósseis, buscando fontes alternativas de energia e acelerando a transição energética. Resta agora esperar que essa guerra sirva como um aprendizado e também um incentivo a mais países para melhorar a consciência ambiental global e acelerar a transição energética em nível mundial.