Muito se fala sobre as mudanças climáticas e na mídia ainda é demonstrada a questão da veracidade das evidências, colocando em cheque a existência desses fenômenos. Nesse artigo, vamos buscar apresentar informações que apontam a situação do debate científico e o “estado da arte” das discussões climáticas. Vem com a gente?
Consenso científico: Mudanças climáticas são de responsabilidade humana
Dos estudos sobre mudanças climáticas, publicados entre 1991 e 2012, 97% reforçavam a teoria de que as atividades humanas são responsáveis pelo efeito estufa.
Atualmente, 99,9% dos cientistas concordam que o desequilíbrio climático é causado pela ação humana. Assim, o consenso entre a comunidade científica de que a ação antrópica é a principal responsável pelo aquecimento global está cada vez maior. De aproximadamente 90 mil estudos sobre esse assunto, apenas 28 discordam quanto à essa questão – utilizando a ideia de “ciclos naturais” ou “raios cósmicos” para explicar aumento das temperaturas ou eventos climáticos extremos frequentes.
“É realmente um caso encerrado. Não há ninguém significativo na comunidade científica que duvide que as mudanças climáticas são causadas por humanos”, disse Mark Lynas ao jornal The Guardian.
O físico brasileiro Paulo Artaxo, um dos autores do documento do IPCC e um dos mais relevantes cientistas especialistas em mudanças climáticas, afirmou que “É indiscutível que as atividades humanas estão causando mudanças climáticas, tornando eventos climáticos extremos, incluindo ondas de calor, chuvas fortes e secas mais frequentes e severas”, durante um seminário online promovido pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Artaxo defende a necessidade imediata de cessar o desmatamento, além de incentivar o plantio de árvores nativas da floresta. Além disso, reconhece que o impacto das ações locais e individuais no aquecimento do planeta também são relevantes e alerta sobre os impactos dos combustíveis fósseis e a necessidade de repensar hábitos de vida.
Cronologia do aquecimento global
A americana Eunice Foote foi a pioneira a avistar o aquecimento global, revelando em 1856 que o dióxido de carbono poderia absorver o calor e que o aumento da quantidade de dióxido de carbono atmosférico resultaria em um planeta mais quente.
Logo após, em 1859, John Tyndall descobriu que as moléculas de gases com o dióxido de carbono, o metano e o vapor de água (os que hoje chamamos de Gases de Efeito Estufa ou GEE) bloqueiam a radiação infravermelha, isto é, a atmosfera admite a entrada do calor solar, mas desacelera sua saída e o resultado é uma tendência a acumular calor na superfície do planeta, causando as mudanças climáticas.
Saiba mais sobre o calor extremo no continente europeu em 2022.
Por volta de 30 anos depois, Svante August Arrhenius foi responsável pelo primeiro registro oficial a afirmar que a adição de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera poderia aquecer a temperatura média da Terra. Além do mais, Arrhenius previu que a queima de combustíveis fósseis aumentaria a quantidade de carbono na atmosfera e resultaria no aumento das temperaturas em todo o planeta.
Num artigo de 1975, Wallace Smith Broecker previu que o aumento dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera iriam conduzir à subida das temperaturas e introduziu, assim, no uso comum a expressão “aquecimento global”. Broecker fez soar os primeiros alarmes sobre as alterações climáticas e, a partir disso, a comunidade científica começou a levar mais a sério a questão nociva do aquecimento global e a insistir que uma ação realista precisaria ser tomada.
Cientistas da atualidade
Em 2021, os cientistas Syukuro Manabe, Klaus Hasselmann e Giorgio Parisi foram vencedores em 2021 do prêmio Nobel da Paz porque, segundo o Comitê do Nobel, “estabeleceram a base de nosso conhecimento sobre o clima da Terra e como a humanidade o influencia”.
Manabe é considerado o pai dos modelos climáticos que hoje permitem entender toda a complexidade do clima e projetar como será seu futuro. Na década de 1960, ele protagonizou o desenvolvimento de moldes físicos do clima terrestre e seus trabalhos são a base dos atuais modelos de evolução climática.