Autora: Vivian Pellis
Nos sopés do Himalaia, encontra-se um país cuja beleza natural é apenas uma das muitas razões pelas quais ele se destaca no cenário mundial: o Butão. Conhecido por suas majestosas montanhas, florestas exuberantes e rica cultura, este pequeno reino tem se destacado ao trilhar um caminho em direção a um futuro sustentável e livre de carbono.
Impulsionando a Economia e Reduzindo Emissões de Carbono: Benefícios da Energia Limpa
Enquanto o mundo enfrenta desafios urgentes relacionados às mudanças climáticas e à emissão excessiva de gases de efeito estufa (GEE), o Butão emerge como um exemplo brilhante em sustentabilidade. O país não busca apenas a neutralidade em carbono, mas já conquistou um feito verdadeiramente impressionante ao se tornar um país carbono negativo. Isso significa que as emissões de GEE do Butão são inferiores às suas remoções. O país é um grande produtor de energia renovável, principalmente através de projetos hidrelétricos, e fornece energia limpa para países vizinhos, como Índia e Bangladesh.
O comércio de energia para estes países vizinhos tem benefícios econômicos para o Butão, gerando receita e empregos através da produção e exportação de energia limpa e renovável. Além disso, essas exportações contribuem para a redução de emissões de carbono na região uma vez que substituem parte da eletricidade gerada por fontes mais poluentes, como combustíveis fósseis, por exemplo.
Preservação ambiental e Qualidade de Vida
Os projetos de conservação ambiental no Butão são parte fundamental da estratégia do país para conservar sua biodiversidade e promover mais sustentabilidade. A manutenção da cobertura florestal é uma peça fundamental da estratégia de conservação do Butão. Com a meta ousada de manter 70% de seu território coberto por florestas, o país implementou regulamentações rigorosas para prevenir o desmatamento excessivo. Essas florestas não só contribuem para a absorção de carbono, mas também fornecem um refúgio essencial para inúmeras espécies.
Além disso, de forma inovadora, o país adotou uma abordagem holística e equilibrada para seu desenvolvimento, chamada de Felicidade Interna Bruta (FIB), a qual coloca a qualidade de vida dos seus cidadãos no centro de suas políticas, ao invés de apenas direcionar o foco para o crescimento econômico da nação. Este conceito foi introduzido na década de 70, pelo rei Jigme Singye Wangchuck, que reconheceu que o PIB (Produto Interno Bruto) não capturava totalmente a realidade de vida das pessoas. O FIB baseia-se em quatro pilares principais:
1. Desenvolvimento socioeconômico sustentável e equitativo;
2. Conservação e promoção da cultura;
3. Conservação do Meio Ambiente;
4. Boa Governança;
Atualmente já é consenso entre a comunidade científica, governos e população geral, que a preservação do meio ambiente impacta diretamente a qualidade de vida das pessoas, em várias esferas e dimensões. Um ambiente saudável contribui diretamente para a saúde da população: ar limpo, água potável e alimentos livres de contaminação são essenciais para a promoção do bem estar humano. Além disso, aspectos relacionados com a segurança climática, hídrica e alimentar se relacionam diretamente com questões econômicas, e estabilidade social, reduzindo conflitos e melhorando a qualidade de vida das pessoas. Portanto, investir na preservação dos recursos naturais e do meio ambiente não gera apenas benefícios ambientais.
Palavras- chave: Sustentabilidade; Energia renovável; Carbono negativo;