Fortes desastres climáticos ocorreram recentemente na Europa e China. O que isso pode nos dizer sobre as mudanças climáticas e nossa responsabilidade nisso?
Desastres climáticos assolam a Europa e China
Nas últimas semanas, a Europa experienciou eventos que para nós, brasileiros, são comuns nos noticiários. Chuvas torrenciais provocaram diversas enchentes na Alemanha, Bélgica e Suíça, tirando a vida de centenas de pessoas e deixando milhares de feridos e desabrigados.
Bem distante dali, em Zhengzhou, na China, ocorreram chuvas por 4 dias que quase alcançaram a média anual da região, afetando a vida de outras centenas de milhares de pessoas.
O que tem a ver as mudanças climáticas com o ocorrido?
Tais eventos sem precedentes estão diretamente relacionados às mudanças climáticas, que por sua vez, são consequências das atividades humanas, especialmente relacionadas à emissão de gases estufa em quantidades cada vez maiores a cada ano que passa.
A tempestade que causou as catástrofes na Europa é chamada “tempestade lenta”, que se iniciou no norte do continente e se estendeu para o oeste da Alemanha, segundo o Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo. O meteorologista Marcelo Enrique Seluchi, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), explica que essa tempestade lenta teve origem em um sistema de baixa pressão “muito intenso”. Tais sistemas são eventos causados pela elevação do ar quente, que transporta muita umidade e pode levar a chuvas intensas.
Em centros urbanos, que possuem maior quantidade de atividades humanas e, consequentemente, maior volume de emissões de GEE, a massa de ar atinge temperaturas mais altas que em zonas rurais ou de vegetação nativa. Esse fenômeno é conhecido como Ilhas de calor, em que maiores quantidades de materiais concentradores de calor, somados a uma concentração mais elevada de GEE na atmosfera local, aumentam a temperatura local. Essa diferença pontual de temperatura em relação aos arredores provoca os ditos sistemas de baixa pressão, e durante o verão é o momento mais crítico, em que as temperaturas já são naturalmente mais altas.
Eventos climáticos extremos como esse, que costumavam acontecer uma vez a cada década, tendem a ocorrer cada vez mais frequentes e intensos no futuro, um dos impactos da mudança climática.
Necessidade da adaptação das cidades a novos cenários
Somada a essa suscetibilidade, as cidades ainda têm um sistema de drenagem menos eficiente que uma cobertura vegetal natural, dado que calçadas e estradas pavimentadas são impermeáveis. Além disso, é comum os sistemas de drenagem urbana não serem capazes de atender a vazões de chuvas torrenciais tão acima da média, provocando a ocorrência de enchentes.
“Normalmente, só vemos um clima como este no inverno”, afirmou Bernd Mehlig, autoridade ambiental do estado da Renânia do Norte-Vestfália, Alemanha. “Algo assim, com essa intensidade, é completamente incomum no verão”.
Nosso papel nesse cenário
Enquanto continuarmos emitindo excessivamente os gases de efeito estufa, continuaremos vendo chuvas cada vez mais fortes, como as recentes.
Não podemos mais nos deparar com tais eventos e agir como se não fossemos os responsáveis por essas catástrofes.