Amazônia: de sumidouro a fonte de carbono?

Autora: Ester Kirchhof

Considerada a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia enfrenta uma situação crítica que vem se intensificando nos últimos anos: a floresta está perdendo sua capacidade de sumidouro de gás carbônico (CO2), ao mesmo tempo em que está se tornando uma fonte significativa de emissão de CO2 para a atmosfera. 

Mas por que está ocorrendo essa transição?

 

Primeiro, para contextualizar o cenário, é importante compreender a diferença entre um sumidouro de carbono e uma fonte de emissão de carbono. 

Sumidouros de carbono podem ser descritos como depósitos naturais que capturam e retém o CO2 que está presente na atmosfera, reduzindo, assim, sua concentração no ar. Os oceanos, os solos e as florestas são exemplos dos principais sumidouros de carbono. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), historicamente, a Amazônia respondia a mais de 30% do estoque de carbono existente na vegetação em pé do mundo, desempenhando um papel importante na regulação do clima e na absorção do carbono.

Quanto às fontes de emissões de carbono, estas referem-se a processos ou atividades que liberam CO2 e outros gases de efeito estufa na atmosfera. As fontes podem ser naturais ou resultantes da ação humana, como através da queima de combustíveis fósseis e o desmatamento. 

Nesse contexto, os principais responsáveis pela mudança no papel ambiental da Amazônia são a agropecuária e a extração de madeira. Isso acontece porque, quando ocorre o desmatamento e as queimadas, as árvores que antes absorviam carbono, começam a liberar esse carbono na atmosfera, contribuindo para o agravamento das mudanças climáticas.

A maior floresta tropical do mundo enfrenta uma situação perigosa: a Amazônia está perdendo sua capacidade de sumidouro de gás carbônico (CO2). Foto: Nilmar Lage/Greenpeace/Divulgação

 

Por que a temática é tão urgente?

 

Os relatórios de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) relatam que entre 2019 e 2020, o desmatamento na Amazônia aumentou em cerca de 9,5% em comparação com o ano anterior. De forma complementar, um estudo publicado em 2020 na revista Nature, demonstrou que em certas regiões da Amazônia, as emissões de CO2 superaram a absorção, especialmente em áreas desmatadas, que perderam fragmentos de suas florestas tropicais. Os resultados encontrados no estudo evidenciaram, também, que a Amazônia estava emitindo cerca de 1 bilhão de toneladas de CO2/ano em decorrência às problemáticas mencionadas. 

Conforme o relatório publicado em 2023 do MapBiomas – projeto que fornece dados atualizados sobre a cobertura do solo no Brasil – evidenciou-se que a taxa de desmatamento está aumentando, o que implica diretamente nessa crise. Dados indicam que, nos últimos cinco anos, o Brasil perdeu cerca de 8,56 milhões de hectares de vegetação nativa, com mais de 85% dessa perda ocorrendo na Amazônia e no Cerrado. Esse valor equivale a mais de 7,93 milhões de campos de futebol ou, aproximadamente, 1,5 vezes a área da Espanha, que tem cerca de 5 milhões de hectares.

Além de tornar a Amazônia uma fonte de emissão de CO2, a degradação compromete a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos, que são essenciais para a manutenção da floresta. 

   
     
     
     
 
 
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Como podemos auxiliar na mudança?

 

Diante deste cenário, para reverter essa tendência é necessário que exista uma responsabilidade global na preservação da Amazônia. O Carbon Free Brasil trabalha com projetos de neutralização das emissões dos gases de efeito estufa, certificados pela Verra e ONU. Esses projetos realizam a neutralização através do financiamento de projetos que reduzem ou retiram essas emissões da atmosfera, como projetos de manutenção florestal na Amazônia

Estes projetos incluem iniciativas voltadas à conservação, restauração e manejo das florestas da região, visando proteger a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos que essas áreas oferecem. Além destes projetos apresentarem um impacto positivo ambiental, também apresentam benefícios sociais, desempenhando um papel crucial na luta contra as mudanças climáticas.

Essa iniciativa torna-se o primeiro passo para a construção de um mundo, de fato, mais sustentável, com um compromisso firme de enfrentar as mudanças climáticas! 

Juntos, por um mundo mais sustentável!

 

Fale conosco para tornar sua organização Carbon Free!

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