Net-zero, ou “emissões líquidas zero”, significa reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) ao menor nível possível e compensar aquelas que são residuais, alcançando assim um equilíbrio climático na operação e em toda a cadeia de valor (escopos 1, 2 e 3). No entanto, atingir esse marco exige planejamento técnico, metas audaciosas e ações concretas e contínuas.
Alcançar emissões líquidas zero é um objetivo ambicioso e, para muitos especialistas, até utópico em determinados contextos. Ainda assim, a busca por esse ideal é o que mobiliza inovação, transformação de processos e decisões mais responsáveis em toda a cadeia de valor. Como no montanhismo, a meta pode parecer inalcançável, mas o avanço é o que constrói os verdadeiros marcos de progresso.
A seguir, apresentamos os 5 passos fundamentais adotados por organizações comprometidas com essa jornada, com base nas melhores práticas globais e na experiência da Carbon Free Brasil junto a empresas que estão liderando a transformação climática.
1. Realização do Inventário de GEE
O primeiro passo de qualquer jornada net-zero é conhecer sua pegada. O Inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE) mapeia e quantifica as emissões da organização nos três escopos:
- Escopo 1: emissões diretas das operações;
- Escopo 2: emissões indiretas provenientes da energia adquirida;
- Escopo 3: emissões indiretas em toda a cadeia de valor (transportes, fornecedores, descarte de produtos, etc).
Esse cálculo cria uma linha de base sólida para orientar as estratégias de redução e compensação. A metodologia mais utilizada é o GHG Protocol, e empresas que querem estruturar sua atuação de forma robusta devem priorizar plataformas que automatizem a coleta de dados e garantam precisão no inventário — como é o caso da Plataforma Carbon Free, utilizada por empresas de diversos portes e setores para realizar a gestão de emissões.
Além disso, é importante lembrar que, segundo o CDP (Climate Disclosure Project), apenas 41% das empresas que divulgam metas climáticas hoje realmente incluem os escopos 1, 2 e 3 — o que reforça a necessidade de abordagens integradas e completas.
2. Mudança de processos para a redução de emissões
Com os dados em mãos, o próximo passo é atuar diretamente na fonte das emissões. Empresas bem-sucedidas nessa etapa costumam formar comitês de descarbonização multidisciplinares, compostos por áreas como operações, logística, produto e ESG. O objetivo é revisar processos, identificar oportunidades de eficiência e implementar mudanças que tragam redução de emissões em escala.
Entre as ações mais comuns estão:
- Substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis;
- Otimização logística para reduzir consumo de combustíveis;
- Eficiência energética e digitalização de processos industriais;
- Design de produtos com menor pegada de carbono.
Organizações como a Natura, por exemplo, já conseguiram reduzir mais de 30% de suas emissões operacionais desde 2007, por meio de ajustes na cadeia produtiva e inovação em embalagens. O que essa etapa ensina: não se alcança o net-zero apenas com compensações — é preciso reduzir ao máximo.
3. Trabalho com a cadeia de produção
Hoje, a maior parte das emissões das empresas está no Escopo 3 — ou seja, fora das operações diretas. Isso inclui fornecedores, transportadoras, uso de produtos pelo consumidor e descarte final. Por isso, trabalhar com a cadeia é fundamental.
Empresas líderes nesse aspecto estão engajando seus fornecedores para que também façam inventários, adotem metas climáticas e reduzam suas emissões. Muitas organizações já incluem cláusulas ESG em contratos de fornecimento, e grandes players como Unilever e Apple passaram a priorizar parceiros que comprovam práticas sustentáveis.
Além disso, há um movimento crescente de integração entre ESG e procurement. Ferramentas como a CDP Supply Chain e a EcoVadis têm sido usadas para rastrear a performance ambiental dos fornecedores. Essa etapa é desafiadora, mas essencial: sem cadeia de valor descarbonizada, não há net-zero verdadeiro.
4. Compromissos públicos
Publicar metas climáticas é uma prática que fortalece a reputação da marca e gera um senso de responsabilidade perante o mercado e a sociedade. Mais do que declarações, empresas estão submetendo seus compromissos a validações externas, como a Science Based Targets initiative (SBTi), que garante que as metas estejam alinhadas à ciência e ao Acordo de Paris.
Organizações que adotam essa abordagem demonstram liderança, transparência e compromisso a longo prazo. Segundo a SBTi, mais de 4.000 empresas globalmente já aderiram ao movimento, e no Brasil esse número cresce rapidamente.
Divulgar os compromissos também fortalece a relação com investidores e consumidores: segundo relatório da EY, mais de 70% dos consumidores preferem marcas com compromissos climáticos claros, e investidores já priorizam carteiras com empresas alinhadas às metas net-zero até 2050 ou antes.
5. Net-zero: Compensação das emissões residuais
Após reduzir ao máximo suas emissões, o passo final da jornada é neutralizar o que ainda não pode ser eliminado. Isso é feito por meio da compensação com créditos de carbono certificados, que representam a remoção ou a não emissão de gases de efeito estufa por meio de projetos ambientais.
Esses créditos devem ser de alta integridade, com certificações internacionais reconhecidas, como VERRA e Gold Standard, e preferencialmente atrelados a projetos com co-benefícios ambientais e sociais. No Carbon Free Brasil, os créditos utilizados são destinados a projetos de manutenção florestal na Amazônia, substituição de combustíveis poluentes e energias renováveis — todos validados por organismos globais e com impacto direto nas comunidades locais.
Ao alcançar esse estágio, a empresa pode declarar neutralidade de carbono completa nos escopos 1, 2 e 3, tornando-se referência em sustentabilidade climática.
Jornada contínua e valor de mercado
A jornada net-zero não é linear, nem tem ponto final. Ela exige atualização constante, inovação e revisão de metas com frequência. Empresas que lideram essa transformação só colhem resultados: redução de riscos, atração de talentos, acesso facilitado a capital e maior valor percebido pela sociedade.
Além disso, já há movimentações regulatórias e exigências de disclosure climático (como o TCFD e, em breve, o ISSB – International Sustainability Standards Board), o que fará com que cada vez mais organizações precisem comprovar suas emissões e metas com dados auditáveis e alinhados a frameworks reconhecidos internacionalmente.
Conclusão
A busca pelo net-zero é, acima de tudo, um compromisso com o futuro. Mesmo que a neutralidade total de emissões ainda pareça distante ou desafiadora para muitas empresas, a jornada rumo a ela é o que move a inovação, a eficiência e a responsabilidade corporativa.
Empresas que estruturam seus passos com dados confiáveis, metas validadas e uma atuação consistente na cadeia de valor estão mais preparadas para lidar com riscos climáticos, regulatórios e reputacionais — além de acessarem um mercado cada vez mais exigente.
Na Carbon Free Brasil, acreditamos que não se trata de alcançar a perfeição, mas de avançar continuamente na direção certa. Se sua empresa quer iniciar — ou acelerar — essa jornada, estamos prontos para caminhar ao seu lado com tecnologia, conhecimento e compromisso.